Busca eterna

Hoje reproduzo aqui um pequeno texto que escrevi lá no meu instagram (@pfleury), sobre essa busca eterna por ondas e a falta de sossego que vem sempre junto com isso. 🙂

“Outro dia surgiu o assunto e fiquei conversando durante um bom tempo com um grande amigo sobre essa nossa busca incessante pelas ondas e por tudo o que orbita em volta disso. Principalmente no tanto que isso acaba nos atrapalhando e nos desgastando.

No meu caso foi uma vida toda quase, marcada por longas noites acompanhando e estudando gráficos de ondulação, vento, período, pesquisando pra ver em que direção exata as ondas e o vento entram em tal praia, ligando pra alguém tarde da noite pra ter aquela segunda opinião sobre o swell, dirigindo horas de madrugada pra muitas vezes quebrar a cara com condições ruins, desmarcando compromissos com namorada, família e amigos ou encarando aquela viagem de avião de mais de 24 horas atrás de tal onda, enfim… Vivi quase 40 anos a mais de 100km da praia mais próxima, sendo 2/3 desse tempo nessa cansativa mas muito recompensadora rotina. E certamente não me arrependo.

Invejo sim os grandes amigos nadadores que também fiz nessa vida, por precisarem de apenas uma piscina para serem felizes. Ou também aquele skatista que no começo da semana já planeja pro sábado o rolê de skate com os amigos, ou o corredor que amarra o tênis e sai correndo no meio da rua, na frente de casa. Mas eles com certeza não entenderiam o porquê de alguém acordar as 4 horas da manhã no inverno, pra dirigir 500km ida e volta, colocar uma roupa de borracha molhada e entrar num mar enorme as 6 da manhã, muitas vezes sozinho.

Esse esporte me trouxe talvez as pessoas e as amizades mais genuínas e sinceras que fiz até hoje, e definitivamente os momentos mais felizes, seja no contato mais nobre com a natureza até a valorização das coisas mais gratificantes e simples dessa vida, muitas delas que dinheiro algum no mundo compra.

E isso definitivamente me basta.”